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domingo, 25 de novembro de 2012

O Proletário e o Trabalhador.


A história pode nos mostrar que o homem sempre dependeu da sua inteligência e da sua capacidade laborativa para sobreviver e atingir o sucesso como espécie animal e social. Na antiguidade, idade média e idade moderna o homem manteve a relação trabalho e sobrevivência ligada ao desenvolvimento da sociedade da época. O trabalho, então seguia o formato em que cada indivíduo do grupo, do feudo ou da cidade trabalhava pela alimentação coletiva e a defesa coletiva. O pagamento era sua estabilidade na vida social e a prosperidade do seu grupo social. As riquezas eram dos Chefes, Líderes, Senhores etc., que eram os detentores das terras, das riquezas nelas existentes e do poder, estes obtidos de várias formas diferentes, mas na maioria das vezes por “inspiração” divina.


Na idade contemporânea a Revolução Industrial começou a valorar o trabalho do indivíduo. A, até então, prevalência do trabalho servil, entendido aqui como o trabalho gratuito prestado pelos servos dos feudos e reinos, e do trabalho escravo, sustentavam reinos e países. A revolução do trabalho remunerado criou a figura do proletariado, que era o trabalhador que só tinha na capacidade de trabalhar o seu único bem. Juntamente a essa figura o profissional começou a despontar levando a diminuição do proletariado, na medida em que o trabalho profissional tomava os espaços e tirava as oportunidades de emprego nas indústrias e companhias. Era o mundo do capital que começava a surgir. Neste período surgiu na Alemanha o filósofo Karl Marx. Este, estudioso dos problemas sociais que afligiam à Europa neste período, desenvolveu a teoria da revolução proletária, que instauraria um novo regime sem classes e só obteria sucesso pleno após a conclusão de um período de transição, que ele denominou socialismo.


Marx teorizou sobre as relações de trabalho e separou a sociedade em duas classes a dominante burguesa e a proletária, que incluía todos os trabalhadores, estes base do desenvolvimento social e oprimidos pela minoria burguesa. Sessenta anos mais tarde Lennin usaria as idéias de Marx chamando a todos os trabalhadores de proletários e incluindo-os num conjunto de escravizados pelo capital, este nas mãos das minorias que conduziam a economia e a sociedade. Esse artifício de separar a classe proletária conseguiu reunir todo o povo Russo, trabalhadores, que vivia um momento de pobreza extrema sob o Czarismo. Os patrões eram a burguesia capitalista que oprimia o proletário, que era escravizado por uma sociedade baseada no capital. Ressurge assim o conceito de proletariado que engloba todos aqueles “operários” escravizados pela necessidade de sobrevivência e o valor dado a seu único bem, o trabalho.

A diferença de remuneração, os privilégios assumidos pelos Líderes e a injustiça da separação em classes, criou a oportunidade desejada pelos revolucionários de deflagrar a luta entre classes, que resultou na Revolução Francesa e posteriormente, no século XX, a Revolução Bolchevista na Rússia. Particularmente, a Revolução na Rússia, criou o sofisma de que o povo e o proletariado eram uma só coisa, conseguindo desta forma o domínio necessário das massas, que resultou na conquista do poder absoluto do partido comunista na Rússia. Daí o conceito de proletariado ter conseguido agrupar as massas em torno de suas necessidades, de forma que sua condução fosse possível no sentido de tomar o poder do Estado e, após um período de socialização (socialismo), instauraria um regime sem classes sociais, o comunismo.


A Internacional Comunista (IC) passou a expandir sua ideologia no franco objetivo de estabelecer o socialismo do proletariado em uma escala mundial, tornando o comunismo o único sistema aceitável em todos os campos do desenvolvimento humano. Com proselitismo e usando as palavras de maneira correta, começou a confundir e criar na consciência geral o entendimento de que o proletariado são os trabalhadores, que oprimidos pelo sistema são impedidos de progredir dentro do sistema econômico capitalista. Assim a IC se espalhou pelo mundo atuando com mais vigor nos países, por ela classificados, de terceiro mundo.
No Brasil, após 1985, a palavra proletariado estava proscrita. Os vinte anos passados da revolução tornaram as expressões próprias das idéias de Marx e da ideologia comunista tabus. Isso provocou o fenômeno trabalhista no país, onde a palavra proletariado foi substituída por trabalhadores o que, a semelhança da primeira, na Rússia, congregou uma grande quantidade de pessoas em torno da ideia de “democracia” apregoada pelos comunistas. Durante toda a nossa atualidade política os “trabalhistas” tem usado a palavra trabalhador para exercer domínio sobre as massas da mesma forma que os comunistas fizeram antes e durante a revolução bolchevista com o proletariado.


Hoje vivemos em um país dividido entre trabalhadores e patrões. Divisão esta que atende aos objetivos de manutenção da luta entre as classes, pois coloca a figura do patrão sempre em cheque. O trabalhador de hoje é profissional remunerado regularmente pelo trabalho que executa ou atividade que exerce (em oposição ao amador). Também pode ser definido como aquele que tem conhecimentos da sua profissão, especialista. O proletário é aquele trabalhador que vive do seu trabalho como todos os outros, mas não possui qualquer especialização, vivendo unicamente da sua capacidade de trabalhar e, devido a essa não especialização, não tem oportunidade de trabalho ou é explorado pelo empregador que não o valoriza da forma desejada.
Vivemos hoje um período de incertezas onde a maioria das ações orquestradas pela política no poder apontam para o objetivo final idealizado por Marx, uma sociedade sem classes, o comunismo.

Júlio Cezar B L Silva
25 de novembro de 2012

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