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domingo, 14 de dezembro de 2014

COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE - O mau tempo se apresenta - por Guimarães Carvalho

Divulgado o relatório da Comissão Nacional da Verdade, inúmeras manifestações apareceram na mídia. Todas, sem contestação de ninguém, criticavam o relatório quanto a sua abrangência, parcialidade, proselitismo e falsas verdades. O AE Guimarães Carvalho faz alusão à sua carta anterior, onde comparava a situação atual com as proximidades do dia D. Alertava sobre a aproximação de um período ruim em que haveria “mal tempo”. Nesta sua nova carta ele mostra o início do “mal tempo” e o aspecto da “frente fria” (“cavado”) que se apresenta após o relatório. A desmoralização das Instituições esta caminhando. As FFAA, especialmente o Exército Brasileiro, estão sob ataque de minorias subversivas escondidas sob o manto da Legalidade e da Democracia. Nesta publicação formo em “ala” com o AE Guimarães Carvalho na defesa dos meus antigos Chefes Navais, que foram vítimas inocentes deste “relatório mal intencionado”. Boa leitura.


"Caros amigos,
Em e-mail anterior recomendei que deveríamos nos preparar para mau tempo. Pois bem, o mau tempo já chegou.
O famigerado relatório da denominada Comissão da Verdade, recentemente divulgado, levou algumas pessoas às lágrimas. Quanta falsidade.
O relatório lista dezenas de nomes de pessoas íntegras e honradas, como se criminosos fossem. Algumas delas, pelo menos para mim, sempre serviram de exemplos que procurei seguir na minha carreira, e não é este relatório mal intencionado que me fará pensar diferente.
Em solidariedade a um dos citados telefonei para ele dizendo: "ser atacado por esta gente é mais um elogio para a sua excelente folha de serviços".
A um outro, também por telefone, copiando algo que aprendi com os aviadores navais falei simplesmente: "chefe, estou na sua ala".
Muitos acham que o tal relatório é pura revanche. Concordo, mas apenas em parte. Acho que ele é, também, fruto de um cuidadoso planejamento que vem sendo executado já há alguns anos.
Ao ser criada em novembro de 2011, a Comissão da Verdade tinha propósitos bem definidos. Ela deveria cuidar do direito à memória e à realidade histórica buscando, em paralelo, a conciliação nacional. A moldura temporal para o período a ser pesquisado ia de 1946 a 1985 e todos os fatos deveriam ser verificados, independentemente da preferência ideológica de quem os praticou, sem ficar apenas nos denominados Agentes do Estado. Seus membros deveriam ser escolhidos de forma que houvesse representantes das diferentes correntes envolvidas visando, com isso, evitar a parcialidade das análises.
Tudo foi propositadamente ignorado pelo governo. A moldura temporal foi reduzida, passando a abranger o período de 1964 a 1985 e os membros nomeados professavam, praticamente todos, a mesma ideologia de esquerda. Ao decidir por conta própria estudar apenas um lado da história, o que contrariava a Lei de sua criação, a Comissão Nacional da Verdade torpedeou, de forma definitiva, a idéia da conciliação nacional. Da a impressão que eles buscavam, isso sim, aumentar o ódio, e não conciliar. E o governo nada fez para alterar isso, apesar de todos os alertas lançados por diferentes setores da sociedade, inclusive os Clubes Militares.
O Foro de São Paulo, tão pouco conhecido pelos brasileiros, pois a mídia estranhamente fala muito pouco sobre ele, propugna pela construção na América Latina de uma espécie de conglomerado de países comunistas ou, como eles gostam de se denominar agora, de socialistas. Para tal, o Foro segue fielmente os ensinamentos de Gramsci que prevê, entre outras medidas, a demonização das polícias militares e, principalmente, das Forças Armadas, em especial do Exército.
Em síntese eles sabem, pois aprenderam isso em 1964, que apenas as Forças Armadas poderão obstar o sonho da implantação de um governo comunista, meta perseguida com tenacidade pelo atual governo. Para tal, é preciso, a qualquer custo, minar a confiança que a nossa sociedade tem nas Forças Armadas.
Este famigerado relatório tem exatamente este propósito. Ao mesmo tempo em que não cita nenhum terrorista, nem seus atos igualmente criminosos, relaciona dezenas de chefes militares rotulando, todos eles, como torturadores.
Querem também revogar a Lei da Anistia, que é anterior à criação da Comissão da Verdade e precede, também, a própria Constituição Federal de 1988, que a manteve intacta. À propósito, o próprio Supremo Tribunal Federal, em 2010, portanto antes da criação da Comissão da Verdade, validou a Lei da Anistia.
Assim, ao mesmo tempo em que tentam denegrir as Forças Armadas junto à sociedade, procuram intimidar os militares mais jovens, mostrando que qualquer reação deles, na eventualidade de uma nova tentativa de implantação de um governo comunista poderá ter consequências muito sérias para eles, como eles acham que estão fazendo agora com aqueles que os derrotaram em 1964.
Isso tudo não é coincidência. É um pouco de revanche sim mas, sobretudo, é algo muito bem planejado."


Roberto de Guimarães Carvalho.
Almirante-de-Esquadra
14 de dezembro de 2014


*Foi ex Comandante da Marinha no primeiro governo Lula

sábado, 29 de novembro de 2014

OS MILITARES DE HOJE SÃO OS MESMOS QUE OS MILITARES DE ONTEM E CONTINUARÃO ASSIM – por Francisco Batista Torres de Melo

RESPOSTA DO GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO BATISTA TORRES DE MELO À MIRIAM LEITÃO


Esta carta foi escrita pelo General de Divisão Torres de Melo em resposta ao texto “Enquanto Isso” da Jornalista Miriam Leitão. A carta é antiga, pois foi publicada em 2012, mas mostra uma visão da História do Brasil e do momento atual, em que os militares estão no foco das ações políticas servindo de “muletas” para aventureiros, que nunca conseguiram manchar as atitudes e ações do Exército Brasileiro e das FFAA. Elas que sempre foram, são e serão baluartes da Lei e da Ordem, sendo fiéis escudeiros da Constituição e do povo Brasileiro. Boa leitura.

Marinha, Exército e Aeronáutica escudeiros do povo brasileiro
“À Senhora Jornalista Miriam Leitão

Li o seu artigo "ENQUANTO ISSO", com todo cuidado possível. Senti, em suas linhas, que a senhora procura mostrar que os MILITARES BRASILEIROS de HOJE, são bem diferentes dos MILITARES BRASILEIROS de ONTEM.

Penso que esse é o ponto central de sua tese. Para criar credibilidade nas suas afirmativas, a senhora escreveu: "houve um tempo em que a interpretação dos militares brasileiros sobre LEI E ORDEM era rasgar as leis e ferir a ordem. Hoje em dia, eles demonstram com convicção terem aprendido o que não podem fazer".

Permita-me discordar dessa afirmativa de vez que vejo nela uma injustiça, pois fiz parte dos MILITARES DE ONTEM e nunca vi os meus camaradas militares rasgarem leis e ferir a ordem. Nem ontem nem hoje. Vou demonstrar a minha tese.

No Império, as LEIS E A ORDEM foram rasgadas no Pará, Ceará, Minas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul pelas paixões políticas da época. AS LEIS E A ORDEM foram restabelecidas pelo Grande Pacificador do Império, um Militar de Ontem, o Duque de Caxias, que com sua ação manteve a Unidade Nacional. Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Pelo contrário.

Vem a queda do Império e a República. Pelo que sei, e a História registra, foram políticos que acabaram envolvendo os velhos Marechais Deodoro e Floriano nas lides políticas. A política dos governadores criando as oligarquias regionais, não foi obra dos Militares de Ontem, quando as leis e a ordem foram rasgadas e feridas pelos donos do Poder, razão maior das revoltas dos tenentes da década de 20, que sonhavam com um Brasil mais democrático e justo.

Os Militares de Ontem ficaram ao lado da lei e da Ordem. Lembro à nobre jornalista que foram os civis políticos que fizeram a revolução de 30, apoiados, contudo, pelos tenentes revolucionários, menos Prestes, que abraçou o comunismo russo.

Veio a época getuliana, que, aos poucos, foi afastando os tenentes das decisões políticas. A revolução Paulista não foi feita pelos Militares de Ontem e sim pelos políticos paulistas que não aceitavam a ditadura de Vargas.

Não foram os Militares de Ontem que fizeram a revolução de 35 (senão alguns, levados por civis a se converterem para a ideologia vermelha, mas logo combatidos e derrotados pelos verdadeiros Militares de Ontem); nem fizeram a revolta de 38; nem deram o golpe de 37.

Penso que a senhora, dentro de seu espírito de justiça, há de concordar comigo que foram as velhas raposas GETÚLIO - CHICO CAMPOS - OSWALDO ARANHA e os chefetes que estavam nos governos dos Estados, que aceitaram o golpe de 37. Não coloque a culpa nos Militares de Ontem.

Veio a segunda guerra mundial. O Nazismo e o Fascismo tentam dominar o mundo. Assistimos ao primeiro choque da hipocrisia da esquerda. A senhora deve ter lido - pois àquela época não seria nascida -, sobre o acordo da Alemanha e a URSS para dividirem a pobre Polônia e os sindicatos comunistas do mundo ocidental fazendo greves contra os seus próprios países a favor da Alemanha por imposição da URSS e a mudança de posição quando a "Santa URSS" foi invadida por Hitler.

O Brasil ficou em cima de muro até que nossos navios (35) foram afundados. Era a guerra, a FEB e seu término. Getúlio - o ditador - caiu e vieram as eleições. As Forças Armadas foram chamadas a intervir para evitar o pior. Foram os políticos que pressionaram os Militares de Ontem para manter a ordem.

Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Chamou-se o Presidente do Supremo Tribunal Federal para, como Presidente, governar a transição. Não se impôs MILITAR algum.

O mundo dividiu-se em dois. O lado democrático, chamado pelos comunistas de imperialistas, e o lado comunista com as suas ditaduras cruéis e seus celebres julgamentos "democráticos". Prefiro o primeiro e tenho certeza de que a senhora, também. No lado ocidental não se tinham os GULAGs.

O período Dutra (ESCOLHIDO PELOS CIVIS E ELEITO PELO VOTO DIRETO DO POVO) teve seus erros - NUNCA CONTRA A LEI E A ORDEM - e virtudes como toda obra humana.
A colocação do Partido Comunista na ilegalidade foi uma obra do Congresso Nacional por inabilidade do próprio Carlos Prestes, que declarou ficar ao lado da URSS e não do Brasil em caso de guerra entre os dois países. Dutra vivia com o "livrinho" (a Constituição) na mão, pois os políticos, nas suas ambições, queriam intervenções em alguns Estados, inclusive em São Paulo. A senhora deve ter lido isso, pois há vasta literatura sobre a História daqueles idos.

Novo período de Getúlio Vargas. Ele já não tinha mais o vigor dos anos trinta. Quem leu CHATÔ, SAMUEL WEINER (a senhora leu?) sente que os falsos amigos de Getúlio o levaram à desgraça, eles eram políticos. Os Militares de Ontem não se envolveram no caso, senão para investigar os crimes que vinham sendo cometidos sem apuração pela Polícia; nem rasgaram leis nem feriram a ordem.

Eram os políticos que se degladiavam e procuravam nos colocar como fiéis da balança. O seu suicídio foi uma tragédia nacional, mas não foram os Militares de Ontem os responsáveis pela grande desgraça, sabe bem disso!

A senhora permita-me ir resumindo para não ficar longo. Veio Juscelino e as Forças Armadas garantiram a posse, mesmo com pequenas divergências. Mais uma vez eram os políticos que queriam rasgar as leis e ferir a ordem e não os Militares de Ontem.
Nessa época, há o segundo grande choque da esquerda. No XX Congresso do Partido Comunista da URSS (1956) Kruchov coloca a nu a desgraça do stalinismo na URSS. Os intelectuais esquerdistas ficam sem rumo.

Juscelino chega ao fim e seu candidato perde para o senhor Jânio Quadros, a Esperança da vassoura, Desastre total. Não foram os Militares de Ontem que rasgaram a lei e feriram a ordem. Quem declarou vago o cargo de Presidente foi o Congresso Nacional. A Nação ficou ao Deus dará. Ameaça de guerra civil e os políticos tocando fogo no País e as Forças Armadas divididas pelas paixões políticas, disseminadas pelas "vivandeiras dos quartéis" como muito bem alcunhou Castello.

Parlamentarismo, volta ao presidencialismo, aumento das paixões políticas, Prestes indo até Moscou afirmando que já estavam no governo, faltando-lhes apenas o Poder. Os militares calados e o chefe do Estado Maior do Exército (Castello) recomendando que a cadeia de comando deveria ser mantida de qualquer maneira. A indisciplina chegando e incentivada dentro dos Quartéis, não pelos Militares de Ontem e sim pelos políticos de esquerda; e as vivandeiras tentando colocar o Exército na luta política.

Revoltas de Polícias Militares, revolta de sargentos em Brasília, indisciplina na Marinha, comícios da Central e do Automóvel Clube representavam a desordem e o caos contra a LEI e a ORDEM. Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto e outros governadores e políticos (todos civis) incentivavam o povo à revolta. As marchas com Deus, pela Família e pela Liberdade (promovidas por mulheres) representavam a angústia do País. Todo esse clima não foi produzido pelos MILITARES DE ONTEM. Eles, contudo, sempre à escuta dos apelos do povo, pois ELES são o povo em armas, para garantir as Leis e a Ordem.

Minas desce. Liderança primeira de civil; a era Magalhães Pinto. Era a contra-revolução que se impunha para evitar que o Brasil soçobrasse ao comunismo. O governador Miguel Arraes declarava em Recife, nas vésperas de 31 de março: haverá golpe, só não sabemos se deles ou nosso.
Não vamos ser hipócritas, a senhora, inteligente como é, deve ter lido muitos livros que reportam a luta política daquela época (exemplos: A Revolução Impossível de Luis Mir - Combates nas Trevas de Jacob Gorender - Camaradas de William Waack - etc) sabe que a esquerda desejava implantar uma ditadura de esquerda. Quem afirma é Jacob Gorender. Diz ele no seu livro: "a luta armada começou a ser tentada pela esquerda em 1965 e desfechada em definitiva a partir de 1968".
Não há, em nenhuma parte do mundo, luta armada em que se vão plantar rosas e é por essa razão que GORENDER afirma: "se quiser compreendê-la na perspectiva da sua história, A ESQUERDA deve assumir a violência que praticou". Violência gera violência e os políticos sempre jogam a responsabilidade em manter a ordem aos militares. Afinal eles levaram a desordem.

Castello, Costa e Silva, Médici, Geisel e João Figueiredo com seus erros e virtudes desenvolveram o País.
Não vamos perder tempo com isso. A senhora é uma economista e sabe bem disso.
Veio a ANISTIA e João Figueiredo dando murro na mesa e clamando que era para todos, pois Ulisses Guimarães não desejando que Brizolla, Arraes e outros pudessem tomar parte no novo processo eleitoral, para não lhe disputarem as chances de Poder. João bateu o pé e todos tiveram direito, pois "lugar de Brasileiro é no Brasil", como dizia.
Não esquecer o terceiro choque sofrido pela a esquerda: Queda do Muro de Berlim, que até hoje a nossa esquerda não sabe desse fato histórico.


DIRETAS JÁ! Sarney, Collor com seu desastre, Itamar, FHC, LULA e chegamos aos dias atuais.
Os Militares de Hoje, silentes, que não são responsáveis pelas desgraças que vivemos agora, mas sempre aguardando a voz do Povo.
Não houve no passado, nem há, nos dias de hoje, nenhum militar metido em roubo, compra de voto, CPI, dólar em cueca, mensalões ou mensalinhos. Não há nenhum Delúbio, Zé Dirceu, José Genoíno, e que tais. A corrupção e a desordem estão ficando acima da lei e da ordem!
O que já se ouve, passamos a escutar, é o povo dizendo: SÓ OS MILITARES PODERÃO SALVAR A NAÇÃO.
Pois àquela época da "ditadura" era que se era feliz e não se sabia... Certo, houveram excessos contra os civis. Então me diga: Como controlar o que o país vivia naquela época? Com vários grupos, uns querendo o comunismo, outro o socialismo, outro o presidencialismo e a maioria a democracia. Se chegaria a um consenso na conversa? Existia controle social para tal?
Mas os Militares de Hoje, como os de Ontem, não querem ditadura, pois são formados democratas. E irão garantir a Lei e a Ordem, sempre que preciso.

Os militares não irão às ruas sem o povo ao seu lado. OS MILITARES DE HOJE SÃO OS MESMOS QUE OS MILITARES DE ONTEM. A nossa desgraça é que políticos de hoje (olhe os PICARETAS do Lula!) - as exceções justificando a regra - são ainda piores do que os de ontem. Estamos sem ética e sem moral, estão esquecendo os bons princípios e mais, os políticos são despudorados.
O Brasil vem sofrendo, não por conta dos MILITARES, mas de ALGUNS POLÍTICOS - uma corja de canalhas, que rasgam as leis e criam as desordens, desrespeitam a todos e só pensam na sobrevivência política, independente do preço a ser pago pelo povo!

Como sei que a senhora é uma democrata, espero que publique esta carta no local onde a senhora escreve os seus artigos, que os leio atenta e religiosamente, como se fossem uma Bíblia. Perfeitos no campo econômico, mas não muitos católicos ou evangélicos no campo político por uma razão muito simples: quando parece que a senhora tem o vírus de uma reacionária de esquerda.

Atenciosa e respeitosamente,
GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO BATISTA TORRES DE MELO

12 de março de 2012”

Francisco Batista Torres de Melo
General de Divisão (Ref)

12 de março de 2012

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O GOVERNO À REBOQUE DA MÍDIA - Por Luciano Martins Costa*

      O comentário do Jornalista apresenta uma visão das forças envolvidas na “Crise da Lava Jato” que se desenrola no meio político/empresarial brasileiro. As conhecidas e veladas transações entre empreiteiras e governos vêem à tona em um conflito de interesses na busca do Poder ilimitado. Boa leitura:

“Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa em 20/11/2014


Mais um pouco, e o povo brasileiro, através da imprensa, estará pedindo desculpas às grandes empreiteiras e outros fornecedores de obras e serviços públicos. Pelo andar do noticiário e levando-se em conta alguns artigos plantados aqui e ali, tem-se a impressão de que a Petrobras é uma organização criminosa que achacou os pobres empreendedores com a ajuda de uma quadrilha de coletores de dinheiro.



O ponto de partida desse movimento é o advogado do lobista apontado como intermediário na distribuição de propinas milionárias. Na sua opinião, sem “composição ilícita”, ninguém consegue fazer negócios com o Estado, seja um complexo petroquímico ou um assentamento de paralelepípedos. O portador do discurso dos empresários corruptores ganhou destaque em todos os principais jornais – a Folha de S.Paulo ofertou quase uma página inteira para sua aleivosia.

O mote ecoou por quase todos os outros advogados ouvidos pela imprensa, e vem se juntar às alegações de que, se forem condenadas, as empresas ficarão impedidas de fazer futuros contratos com todas as instâncias do setor público, o que poderia congelar importantes obras em andamento e inviabilizar futuros projetos de interesse municipal, estadual ou nacional.

O fato de um delegado haver acusado sem fundamento o atual diretor de Abastecimento da Petrobras, tendo que se retratar em seguida, está sendo explorado como uma evidência de que outros suspeitos podem ter sofrido a mesma injustiça. Paralelamente, corre no noticiário a versão de que algumas confissões obtidas no sistema de delação premiada podem produzir contradições nocivas ao processo, o que invalidaria denúncias já tornadas de conhecimento público por meio dos vazamentos seletivos de informações do inquérito. Ao mesmo tempo, os jornais acompanham os esforços do governo federal e seus aliados para reduzir o impacto do escândalo no funcionamento da máquina estatal. 

Tudo isso vem nos principais diários de circulação nacional na quinta-feira (20/11), feriado em que parte do Brasil comemora o “Dia da Consciência Negra”.

Gabinete de crise

Na versão politicamente incorreta, a “consciência negra” era a definição da má consciência, aquela que supostamente estaria motivando os autores das delações. Mas, a julgar por declarações de advogados, políticos, policiais e outros personagens do escândalo, todos os movimentos conduzem a um propósito comum a todas as crises: minimizar os danos. O governo quer um fôlego para renovar seu ministério, os políticos querem seus nomes fora das listas de propina, os advogados querem a absolvição ou uma pena mínima para seus clientes. (grifo meu)

A imprensa parece sensibilizada com a possibilidade de a economia do país vir a sofrer abalos no final do processo, principalmente se as empresas envolvidas chegarem a ser condenadas, perdendo a condição de idoneidade que lhes permite negociar com instituições públicas. Mas há vozes discordantes, lembrando que não há punição sem perda, e que, no caso das pessoas jurídicas, junto com o ressarcimento pelos danos causados ao erário vem automaticamente a exclusão do clube seleto daqueles que operam com o Tesouro.

Paralelamente, colunistas e repórteres com acesso à intimidade do Planalto informam que o núcleo político do governo tem feito longas reuniões em busca de uma estratégia para recuperar a imagem da Petrobras e, por extensão, afastar os olhares inquisidores para outra direção.

Como é praxe desde a primeira posse de Lula da Silva, o comando petista demonstra pouca habilidade para lidar com problemas de comunicação. A começar da formação do “gabinete de crise”, composto apenas por gente “da casa”, o resultado tem grandes possibilidades de produzir graves erros de avaliação.

O escândalo envolvendo a estatal do petróleo é o desaguadouro natural do sistema da corrupção modernizado pela Constituinte – origem do modelo de organização partidária que não sobrevive sem a injeção constante de dinheiro sujo. Nestes doze anos de predomínio do Partido dos Trabalhadores, o sistema que foi usado por outros partidos se consolidou como parte do processo de gestão.



Se ninguém tem coragem ou independência para dizer isso em voz alta no tal “gabinete de crise”, o transatlântico do governo continuará sendo conduzido pelo rebocador da imprensa em meio à tempestade.”

Luciano Martins Costa
Jornalista
20/11/2014

*Observatório da Imprensa na edição 825



quarta-feira, 19 de novembro de 2014

CONGRESSO NACIONAL: A busca da “legalidade” para se construir o totalitarismo de uma Pátria Grande.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) deu muito trabalho e teve bastante oposição, principalmente do PT. Basicamente ela tenta regular os gastos da administração pública equilibrando o que é arrecadado com o que é gasto em ações e projetos desta mesma administração. Não permite gastar mais do que se arrecada. Dentro deste escopo estou assistindo neste final de ano (nov/2014) uma ação, no mínimo estranha, acontecendo no Congresso Nacional.



Ontem, dia 1 de novembro, a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), criada para examinar e emitir parecer sobre os projetos de lei das diretrizes orçamentárias, projetos de lei orçamentária anual e seus créditos adicionais e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República; aprovou o projeto de lei que autoriza o governo a descumprir a meta de economia para pagamento de juros da dívida pública. O projeto altera a LRF/LDO para beneficiar o governo na situação econômica que as suas contas se encontram hoje.
Por mais escandaloso que possa parecer isso mostra a situação em que se encontra a Instituição Congresso Nacional hoje. As duas casas estão “aparelhadas” de uma maioria que se mostra capaz de votar contra uma lei existente, a fim de atingir objetivos governamentais ainda nebulosos, mas que têm sido denunciados e pouco considerados pelo povo em geral. Tentam tornar legal o ilegal.
Onde isso se encaixa nos planos de poder do PT? Encaixa-se na busca da “legalidade”. A “maioria” representativa do Congresso vota de acordo com os desígnios do ParTido e o valor pago pelo seu voto. Esse é o tipo de corrupção que o “mensalão” revelou, mas que ainda continua escondida na aprovação de verbas para projetos, designação de cargos e comissões. Corrupção que golpeia constantemente as liberdades que o País conseguiu ao longo dos últimos 35 anos. Corrupção que serve de fonte de verbas para a manutenção do Poder em todos os níveis.



A mesma “legalidade” serve de escudo contra qualquer manifestação de desagrado ou contrária aos desígnios do “ParTido”. Rotula qualquer oposição como golpe. Impede a manifestação popular. Defende uma “democracia” que só serve aos valores distorcidos de uma minoria atuante.
“Legalidade” que nos faz chegar ao cenário atual, que se apresenta com empresas nacionais e estrangeiras ganhando dinheiro público à custa de contratos superfaturados, licitações fraudulentas e outras ilegalidades. Ilegalidades que beneficiam unicamente aos interesses do ParTido no poder. Legisladores corrompidos que aprovam leis de acordo com os desejos de um único ParTido em detrimento da população. Corrompidos que são pelo dinheiro angariado nestas mesmas licitações. Podemos esperar para breve um embate social onde o povo, elo mais fraco desta corrente social, será oprimido pela carestia, fome, doença e miséria. Neste instante a revolta popular não terá efeito. Será reprimida com violência e já não existirão as liberdades. Seus defensores serão caçados e mortos. Pagaremos pela nossa indulgência coletiva, como Bolivianos, Venezuelanos e, muito em breve, Argentinos estão pagando e pagarão.



Caso não tenham percebido, a implantação de uma nova sociedade totalitária, sem liberdades nem valores, já começou. O PT não é mais um problema é uma ameaça. Sua rede esta se tornando sólida e logo suas vulnerabilidades serão inatingíveis. Estará assim englobado mais um estado à Pátria Grande*.

Júlio Cezar Barreto Leite da Silva
Capitão-de-Mar e-Guerra (RM1)
19 de novembro de 2014



* Pátria Grande – termo criado pelo argentino Manuel Ugarte em seu livro (la Patria Grande – Manuel Ugarte -1922), que defendia a unificação da América de língua espanhola em um grande país. Recentemente surgiram debates em que voltou a tona sua teoria, modificada com a inclusão do Brasil como um dos Estados componentes.

domingo, 16 de novembro de 2014

O DIA D SE APROXIMA! – por Guimarães Carvalho

      Recebi nas vésperas do segundo turno das eleições próximas passadas, esta carta aberta escrita pelo AE Guimarães Carvalho. Estava no mar e não pude publicá-la no blog. Corrijo desta forma a minha impossibilidade acrescentando, ao final, uma reflexão posterior aos resultados das eleições enviada da mesma forma por e-mail.
      Deixo a esta reflexão para o futuro:

  • As coisas caminham como previsto na carta?
  • Nosso desembarque no dia D foi na praia de Omaha?
  • Esperamos as FFAA?

Fiquemos de olho e preparados, “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!”  Reflitam!  Boa leitura:


Feridos na praia de OMAHA - Imagens da Wikipédia 


“Caros amigos,

O dia "D" se aproxima. No próximo domingo os brasileiros estarão votando, espero que sem manipulações nos verdadeiros resultados das urnas eletrônicas (essa espécie de jabuticaba que só tem no Brasil), para decidir quem será o presidente da república nos próximos quatro anos.

Os debates pouco ajudaram. Com as minhas desculpas aos feirantes pela comparação, parecia mais uma briga na feira. O baixo nível da campanha que o marqueteiro elaborou e o PT adotou foi pautado, principalmente, na desconstrução a qualquer preço, ainda que com mentiras, terrorismo eleitoral, distorções de fatos, etc... do principal  oponente, à medida em que ele se apresentava como o mais perigoso(Eduardo; Marisa ou Aécio), gerou um verdadeiro clima de guerra, causando reações também nada educadas dos atacados. A disputa foi colocada em termos de ricos contra pobres; brancos contra negros; os do sul contra os do norte e nordeste. Isso pode causar muitos problemas no futuro. Uma pena!

As pesquisas eleitorais, pelas dúvidas geradas quanto à sua lisura, pouco esclareceram ou orientaram os eleitores. Cite-se, pela grandeza da discrepância, a diferença entre os resultados da "boca de urna" e da votação real do primeiro turno, no que se refere ao candidato Aécio Neves. Mais uma vez, uma pena!

Penso que tudo isso pode conduzir o nosso país a uma encruzilhada bastante perigosa e preocupante, qualquer que seja o vencedor do pleito.

Se a atual presidente for reeleita isso significa, em princípio, que a maioria dos brasileiros reconheceu as conquistas sociais que sem dúvida ocorreram, em que pese terem sido edificadas em cima de incontáveis irregularidades, malfeitos, roubos ou corrupções, dependendo do termo que se queira utilizar. Isso foi uma constante em praticamente todos os atos do atual governo. Nunca na história desse país se roubou tanto. É fato que os demais partidos políticos também roubam, mas isso não podia acontecer com o PT, que sempre exaltou o comportamento ético e cujos slogans para a primeira eleição do Lula eram: no meu palanque corrupto não sobe; e, no meu governo corrupto não entra. Voltemos aos dias atuais. Não é assim que se constroem os alicerces de uma nação que quer e merece ser realmente forte e soberana. A reeleição significa, também em princípio, que a maioria da nossa sociedade deseja a continuidade dos caminhos "bolivarianos" que vêem sendo trilhados nos últimos doze anos, cujo resultado final será fatalmente transformar o Brasil em algo parecido com a Venezuela, ou então, com a Argentina, para ficar apenas nesses dois exemplos. Mas isso não deverá se constituir em surpresa para aqueles que votaram para a reeleição, pois essa é a meta perseguida pelo famigerado Foro de São Paulo, verdadeiro mentor da nossa política externa nos últimos anos. Entretanto, se vitoriosa, a presidente Dilma terá que conviver com o Brasil real, e não aquele que era mostrado na sua propaganda eleitoral enganosa. A frágil e perigosa situação econômica exigirá medidas sérias e duras, o que fatalmente irá gerar frustrações e revolta, pelo menos em parte dos seus eleitores, que se sentirão ludibriados. Haverá reações? Não sei, mas é possível que sim.

Se o eleito for Aécio Neves, ele também não terá vida tranquila. Afinal, o verdadeiro chefe da quadrilha já declarou, sem nenhuma cerimônia, que "eles não sabem do que somos capazes". Em paralelo com algumas medidas duras e impopulares na área econômica que terão que ser tomadas logo no início do novo governo, desmontar o esquema de fraudes existente em praticamente todos os setores da vida nacional, não será tarefa fácil. Há "cumpanheiros" infiltrados nos ministérios, secretarias, agências reguladoras, conselhos de estatais, enfim em todos os setores. Não descarto até atos de verdadeira sabotagem na passagem de serviço. Não descarto, também, atos públicos violentos dos denominados movimentos sociais, tão chegados ao atual governo. Não é uma visâo pessimista ou alarmista, mas sim uma preocupação com o verdadeiro significado do "eles não sabem do que somos capazes".

Em qualquer dos cenários citados, se a situação realmente ameaçar sair do controle, imaginem quem será chamado para "segurar o pepino"? Quem pensou nas Forças Armadas acertou. Mas uma vez serão elas que terão que resolver o problema. E é exatamente por isso, por saberem que as Forças Armadas sempre serão chamadas em caso de real descontrole governamental, é que ao longo dos últimos anos elas vêem sendo submetidas a uma verdadeira campanha de descrédito pelos detentores do poder nos últimos anos, como, aliás, é recomendado por Gramsci, e propagado pelo Foro de São Paulo.

É assim que vejo o quadro atual. Embora não concorde, respeito as opiniões divergentes. Afinal, como se diz por aí, não devemos perder amigos por pensarem diferente de nós.

EDVP chegando em OMAHA - Imagem Wikipédia


Já estou pronto para chegar à praia no dia "D". Sem me impressionar pelas últimas pesquisas que foram divulgadas, minha embarcação de desembarque de pessoal (EDVP) tem o nº 45 pintado no seu costado. O galhardete na proa é amarelo e azul, pois chega desta cor vermelha. 

Com um fraternal abraço,

                                                               Roberto de Guimarães Carvalho.
                                                                      Almirante-de-Esquadra
                                                                      25 de outubro de 2014

PS - como se faz na Marinha, quando a previsão do tempo não é das mais favoráveis e o navio está, ou vai para o mar, recomendo "peiar o material volante" e preparar para mau tempo.””

Passadas as eleições, fica a reflexão de um amigo:

“E então Pilatos perguntou para a multidão:
-Quem eu liberto?
O povo clamava:
- A Barrabás, o ladrão!
E assim, por mais de 2000 anos, o povo continua escolhendo os ladrões.” – Almir.

POPULISMO: Uma descoberta Tardia?

      O “Logística do Golpe” ficou parado por um longo tempo. Tempo suficiente para rever os conceitos e a atualidade das questões que normalmente aborda, sempre buscando reunir o maior número de pessoas comprometidas na diminuição da influência ideológica das minorias extremistas que atuam no Brasil. Denunciando e questionando através de teses e textos apresentados por seus membros e seguidores.
      Durante este período que antecedeu às eleições e chegou até hoje, pude assistir às atrocidades que os subversivos realizaram, cumprindo rigorosamente a cartilha que há muito venho apresentando. Uma cartilha que busca, em resumo, o Poder Absoluto de uma DITADURA do proletariado aos moldes daquelas fracassadas e abolidas em outros países do mundo.
      Hoje a fantasia do bolivarianismo, que surge na América Latina, causa uma percepção da importância do Populismo para esse processo “revolucionário”. O modelo comunista não morreu se aperfeiçoou. Embora transfigurado ainda faz uso das estratégias e do proselitismo empregados desde o início. Não vemos mais os “Soviets”, mas sim os “Conselhos Populares”, que aos moldes dos anteriores só buscam o domínio das massas e o Poder de um grupo (partido) sobre a sociedade livre.

SOVIETS x CONSELHOS: Muitas semelhanças.

      Antes o Socialismo era um precursor do Comunismo, hoje, identificado o processo de “socialização” adotado pelos subversivos, o Populismo passa a ser mascarado e moldado para possibilitar o mesmo fim a implantação de um regime totalitário, sanguinário e repressor sobre as populações iludidas e enganadas.

Populismo na era do PT

      Dentro desse cenário assisti no YouTube o discurso proferido pela jovem Glória Alvarez na reunião do Primeiro Parlamento Ibero Americano da Juventude (El Primer Parlamento Iberoamericano de la Juventud), destacando um alerta sobre os regimes hora sendo instaurados na América Latina, que usam o Populismo para desmantelar as Instituições Republicano-democráticas e reescrever as constituições ao sabor dos desejos de minorias que ambicionam um Poder ilimitado, permanente e autoritário. Uma ditadura. Assistam!

Glória Alvarez


Júlio Cezar Barreto Leite da Silva
Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1)
16 de novembro de 2014

sábado, 9 de agosto de 2014

AS ELITES VERMELHAS. por Nelson Motta

O texto abaixo apresenta a visão do jornalista Nelson Motta mostrando a transformação ocorrida durante os três mandatos do PT. Comenta a transformação das elites brasileiras, tão criticada e agora formada pelos correligionários do "partido", que enriqueceram às custas de apadrinhamento e conchavos políticos, formando a nova classe de ricos a "elite vermelha". Boa leitura.

"Lula inventou uma bizarra luta de classes, em que não são os pobres que odeiam os ricos por sua opressão, exploração e privilégios, são os ricos que não suportam que os pobres comam, tenham um teto e, suprema afronta, viajem de avião pagando em dez vezes. E não se contentam em explorá-los e desprezá-los, amam odiá-los, logo eles, que vão consumir os bens e serviços que os ricos produzem para ficarem ainda mais ricos. Isso não é coisa de rico, é de burro, e Lula, rico, de burro não tem nada.
Com o país vivendo uma era de prosperidade desde o Plano Real, os três governos petistas não só tiraram milhões da miséria e alçaram milhões da pobreza à classe média, como criaram uma nova classe de ricos, ocupando milhares de cargos no governo, nas estatais, nos estados e nas prefeituras. É o pleno emprego, partidário.
Apenas com os altos salários e vantagens, sem falar nas infinitas possibilidades de intermediações, roubos e achaques, são legiões de novos ricos que formam uma “elite vermelha” — que ama os pobres, mas adora o luxo porque ninguém é de ferro, e não xinga presidentes, a não ser Sarney, Collor e FH. Nos anos 60, havia a “esquerda festiva”, mas hoje a esquerda é profissional. É o povo no poder… rsrs.




Pior do que ser pobre, que pode ficar rico, é ser burro, que não vira inteligente, ou fanático, para acreditar nisso. Mesmo rico e inteligente, Lula não está percebendo que velhos truques não estão mais funcionando — e está difícil criar novos bordões e bravatas. Essa de odiar os pobres não colou, porque os ricos agora “é nóis”. Como um Felipão atordoado, Lula volta ao velho “nós contra eles”, que o derrotou três vezes e o obrigou a fazer a “Carta aos brasileiros” para ganhar a eleição.
Doze anos de governos de um partido, até de bons governos, de qualquer partido, produzem profundo e inevitável desgaste e provocam desejos de mudança no eleitorado que progrediu nesse tempo, que está mais informado e exigente, e quer mais e melhor. Mas quando um governo é mal avaliado, com crescimento baixo e inflação alta, vítima de seus próprios erros...
É o eles contra eles."

Nelson Motta
Jornalista
04 de julho de 2014

sexta-feira, 20 de junho de 2014

O EXÉRCITO NA COPA por Vanderlei Teixeira


O texto que se segue, de autoria do Coronel Vanderlei, colaborador do sitio "Exército Brasileiro - Turmas de Oficiais do Exército" formados de 1975 a 1983" foi enviado para meu e-mail. Ele apresenta sua visão da situação atual no País, enfocando o Exército Brasileiro (EB) dentro da Copa do Mundo de Futebol. Mostra o tipo de emprego dado à Força Terrestre pelo atual governo e destaca que esse emprego serve para atestar a falência institucional das Polícias Federal e Estaduais e a conveniente militarização do País em ano de eleição. Boa leitura. 
 

"A poucos dias do início dos jogos a Presidente do Brasil diz que “não vai ter baderna na copa”, que “a imagem do País está em jogo” e que “poderá usar o Exército contra os protestos”.
Sete anos passados desde que o governo do PT assumiu junto à comunidade internacional e em particular com a FIFA o compromisso de realizar uma série de mudanças nas principais estruturas do país que teriam ligação direta com a realização dos jogos da copa do mundo. Isso serviria para atender as demandas das delegações estrangeiras, dos turistas do mundo inteiro e posteriormente dos brasileiros mortais que por aqui resistissem.
Construção de estádios, melhorias na mobilidade urbana, na rede de assistência hospitalar, nos aeroportos, na segurança pública e em tudo aquilo que fosse útil ao bom andamento da competição e ficasse como legado ao povo brasileiro. Na reta final para o início da competição, que deverá ser de alto nível nos gramados, vemos que muito do que foi prometido, a título de aproveitamento político de ocasião, não foi cumprido pelo governo.
Devemos acreditar na nossa capacidade de gerenciar os estádios construídos ou reformados, com injeção de recursos públicos, de forma que eles venham a trazer algum retorno financeiro futuramente. Não será fácil tirar da cabeça dos brasileiros o fato de que muito dinheiro foi desviado na construção desses monumentos. Seria mais adequado investir na saúde, na educação, na segurança, na mobilidade urbana e nas estradas. De resto, nada leva a crer que o saldo dessa investida será algo que valeu a pena pelo que foi imposto de sacrifício ao povo brasileiro.
Para a realização de eventos dessa envergadura faz-se necessário uma eficiente rede de atendimento hospitalar. Numa avaliação sumária, realizada apenas por amostragem nas capitais sedes dos jogos, o que se constatou foi o que já sabemos e com o que convivemos nos dias normais da vida do brasileiro. Os hospitais sofrem com superlotação, obras inacabadas, aparelhos de uso médico sem funcionar, baixo estoque de medicamentos básicos, escassez de leitos, profissionais de saúde insuficientes para o atendimento e outras tantas mazelas da saúde pública brasileira que nos atormenta diuturnamente. Certamente os nossos políticos, os dirigentes e comitivas dos países visitantes não serão atingidos pelo caos do sistema caso dele necessitem. Vamos pensar positivamente e acreditar que não haverá qualquer incidente mais grave que venha a aumentar a demanda nos hospitais das cidades sede dos jogos, nem mesmo um ataque maciço do mosquito da dengue, pois seria o fim do sistema de saúde do Brasil. Geraldo Ferreira, presidente da Federação Nacional dos Médicos, criticou o governo federal por nunca ter criado uma rubrica para Saúde na Copa e diz que "o brasileiro tem que confiar na proteção de Deus" diante desse cenário. Baderna na saúde?
O “TREM BALA” passou a mil por hora e nós brasileiros perdemos a chance de embarcar nessa viagem rumo ao futuro. As promessas foram muito além da capacidade de planejar e gerenciar a execução. Muito pouco se fez em relação à mobilidade urbana nas cidades. Os governos do PT nos últimos 12 anos fizeram da aquisição do carro próprio mais uma bandeira da ilusão a que os brasileiros são submetidos. Através desse instrumento elegeram a indústria automobilística como uma das maiores beneficiadas com o sacrifício do povo. Em nome de uma falsa base de sustentação da economia deixaram as nossas cidades sufocadas pelo transito caótico e pela poluição. Não melhoraram adequadamente o transporte público coletivo e de massa, não tiveram competência para realizar os investimentos que eliminassem os gargalos de congestionamento nas vias urbanas e nem conseguiram mudar o péssimo estado das nossas estradas. Baderna na mobilidade?
Um comandante de aeronave assim se expressou: "Senhores passageiros, pedimos um pouco de paciência a vocês. Estou vendo aqui pelo menos oito aeronaves aguardando vaga para estacionar, então teremos que aguardar a autorização para o desembarque". A espera se estendeu muito mais para quem precisou pegar um táxi. "Nossos aeroportos ficaram muitos anos sem nenhuma intervenção física e agora nós estamos correndo contra o tempo para colocá-los de novo na lista dos melhores aeroportos do mundo", disse o Ministro Moreira Franco. O governo brasileiro teve sete anos para executar o que já devia ter sido planejado antes de lançar o Brasil como candidato a sediar a copa. No entanto, as intervenções físicas mencionadas pelo ministro só começaram a ocorrer nos últimos anos e a poucos dias do início da competição a maioria delas ainda não foi entregue e só o será após o evento esportivo. Alguns problemas expostos na infra-estrutura aeroportuária das cidades sede do torneio confirmam que os aeroportos brasileiros não estão prontos para receber o grande fluxo de brasileiros e estrangeiros que por eles devem circular. Além do que, como bem expressou a Presidente Dilma, o padrão que estão buscando no seu governo para os nossos aeroportos está mais para um “made in China” do que para o “padrão FIFA”. Baderna nos aeroportos?
O mundo está vendo as imagens bem negativas do nosso país nesses momentos que antecedem a Copa. A constatação crescente da criminalidade, o clima generalizado de greves e a promessa de vários movimentos que podem vir a prejudicar o andamento dos jogos. Até os “índios” andam dando flechadas nos policiais em plena Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a capital Federal. Nesses termos, o sentimento geral da população brasileira e do estrangeiro é o de que serão submetidos a uma grande aventura para participar dos jogos nos estádios e usufruir dos atrativos turísticos nas cidades para as quais se deslocarem. A insegurança no cotidiano do brasileiro tem sido um verdadeiro massacre. Todos os dias ocorrem assaltos, estupros, sequestros relâmpagos, crimes hediondos, corpos são esquartejados, tráfego de drogas sem controle e outros que se proliferam. Enquanto isso o governo federal insiste em manter uma política de faz de conta em relação aos criminosos e suas bases de sustentação, nas cidades e nas nossas fronteiras. A situação faz crer que o crime está compensando. Na política do governo existem posições que tem contribuído sobremaneira para a desintegração da família e com ela o desequilíbrio na sociedade. Tudo isso está na pauta das reivindicações que se instalaram no país desde junho de 2013. Não se tem dado a devida atenção e não há concentração de esforços no sentido de dar a tranquilidade para o cidadão de bem. Este passou a ser refém do sistema e está enclausurado no seu espaço restrito. A bandidagem se sente cada vez mais livre e acobertada por setores que tratam dos direitos humanos. O policial é visto e tratado como bandido. Baderna na segurança?
Os governos do PT não foram capazes de equacionar a solução dos principais problemas que agora estão aos olhos do mundo. Em ano eleitoral corre atrás do prejuízo e tenta tapar o sol com a peneira. O desespero tomou conta do Planalto e o barco está à deriva. Um governo cujos cargos de decisão e execução em todos os níveis estão tomados de assalto pelo viés político/ideológico, em detrimento do técnico e do mérito. Nesse momento de exposição vem à tona a mais completa ironia do destino. Aqueles a quem tanto bombardearam e sobre quem continuam a lançar o veneno da discórdia agora são elevados a “salvadores da pátria”. O Exército foi lançado como peça de manobra para a solução dos inúmeros problemas que envolvem a segurança pública, que é papel da polícia federal e das polícias estaduais. Para não comprometer a “imagem do Brasil” nos dias de jogos a Presidente Dilma lança mão do aparato militar sem qualquer constrangimento. Justo ela e seu partido que tanto lutaram contra as “ações arbitrárias” dos integrantes dessa Instituição. Não é de hoje que a imagem do Brasil está comprometida nesse governo onde proliferaram as falcatruas nos porões do poder central. Onde os favores nunca foram tão exaustivamente manipulados em negociatas que saltam aos olhos. Tentam até descortinar as ações da justiça e subordinar as decisões do STF, desrespeitando os limites legais que deveriam naturalmente acatar. O que está nesse jogo é a independência dos poderes e a própria democracia brasileira. Baderna no governo?
O Exército brasileiro hoje e sempre estará cumprindo o seu dever constitucional. A garantia da lei e da ordem sempre esteve presente no desempenho da sua missão. Há 50 anos fez valer exatamente o que hoje estão a clamar da sua atuação. Os que estiveram sob a mira das ações de outrora para a preservação da democracia hoje estão a chamá-lo para cumprir mais uma nobre missão. A baderna instalada e a prevista serão controladas com a eficiência e competência das polícias estaduais e federal, como manda a lei. Na hipótese de uso da força verde-oliva e das coirmãs não haverá sobressaltos. No entanto, os hipócritas de ontem, que trabalham em surdina para desmoralizar a instituição militar, estão hoje a buscar a sua cobertura. Qualquer incidente de maior vulto poderá ensejar a possibilidade do descontrole no confronto com a massa de manifestantes. É nesse estágio que a Comandante em Chefe deverá ser cobrada e responsabilizada pelo desfecho imprevisível. Estará ela alertada e preparada para tal? Ou se esquivará e prevalecerá à mentira como fuga no momento final? Sem baderna, na copa ou fora dela, estaríamos muito melhor se os nossos políticos assumissem as suas responsabilidades legais.
A decisão do governo federal, chancelada pela Presidente Dilma, foi militarizar provisoriamente o país. Com receio de assumir as consequências da “política da baderna” deixa transparecer que o recurso autoritário está bem arraigado nas suas opções de poder. Ao “chamar o Exército” para o controle da ordem pública está determinando a falência da segurança dos Estados, o que demandaria a declaração do “estado de sítio” para justificar a intervenção. Mas não é o politicamente correto e falta coragem para tomar essa decisão. Isso já se sabe.
Enquanto isso, "Daqui para frente é ciberterror total contra o governo e grandes corporações envolvidas na Copa. Pode até ter Copa, mas não como eles planejavam". Assim se expressou o hacker conhecido nas redes sociais como AnonManifest que invadiu a rede interna do Itamaraty e que promete novos ataques durante a copa.

Nos trinta dias de competição o Brasil estará sendo vendido como uma terra e uma gente de bem com a vida. Passada a bonança, sob o manto verde-oliva, virá à tempestade, pois tudo voltará ao “normal”. A taça poderá até ser nossa na disputa das quatro linhas do gramado. Mas a vitória do Brasil só se dará muito depois da comemoração. Ela virá no momento em que os nossos governantes e políticos tiverem a capacidade de liderar o nosso povo para que juntos tenhamos um país digno, honrado e respeitado aos olhos do mundo".


FRANCISCO VANDERLEI TEIXEIRA DE OLIVEIRA
Coronel EB
9 de junho de 2014


Fonte: Site AMAM75-83 - Exército Brasileiro - Turmas de Oficiais do Exército" formados de 1975 a 1983
(
http://www.aman75-83.com.br/art/art.php?id_art=%20echo%20356)

quinta-feira, 15 de maio de 2014

LIÇÕES DE 31 DE MARÇO – por Alexandre Garcia

Divulgando as lições aprendidas pelo jornalista Alexandre Garcia com o contragolpe de 31 de março de 1964. Ele narra a situação fomentada por Francisco Julião, Brizola e José Serra, que provocavam com seus discursos a revolta dentro das FFAA. Fala também de duas situações vivenciadas de ataques subversivos, respectivamente pelo Grupo dos Onze e pela VAR Palmares. A história não deve ser escondida nem manipulada. Boa leitura.

"Na manhã de 31 de março último, a rádio Estadão de São Paulo, perguntou-me quais as lições a tirar do golpe de 1964. Fui para o exemplo mais próximo e mais atual: a Venezuela. O governo bolivariano vai pouco a pouco tirando as liberdades essenciais: de opinião e de livre manifestação, e usa forças cubanas como auxiliares. O presidente é um incompetente, a economia vai mal, a petroleira estatal é usada pelo governo e pouco a pouco se instala um golpe de estado sem que as pessoas percebam que vão ficar amarradas a um regime totalitário, a exemplo de Cuba.

Revolta popular na Venezuela contra o governo, 2014 


A Venezuela de hoje é o retrato do Brasil de 1963, numa marcha que foi interrompida pelo contragolpe de 1964. O Brasil e o cone sul estavam na balança de ganhos e perdas da guerra fria. Fidel e Guevara aconselhavam: vocês precisam de uma revolução como a nossa. 

Discurso de José Serra - 13 de março de 1964


A idéia era implantar um regime como o cubano, servil à União Soviética, como fica claro pelo discurso de José Serra, então presidente da UNE, no malfadado comício de 13 de março. Foi o mais provocativo dos discursos. Brizola e Serra foram, talvez, os que mais deixaram os militares de cabelo em pé.

Francisco Julião e Fidel Castro em Havana, Cuba 1961


Se Francisco Julião, no Nordeste, organizava as Ligas Camponeses como legiões revolucionárias do Partido Comunista para invadir terras e matar os proprietários, Brizola, no centro-sul, mandava cabos e sargentos matarem os oficiais. Anos depois, em sua casa, Brizola me confidenciava que foram “arroubos da juventude”. No 31 de março de 1964, o prefeito de Encantado, interior do Rio Grande, bateu-me à porta em busca de voluntários para defender a prefeitura, que seria atacada pelo Grupo dos Onze, de Brizola, organizado como uma unidade militar de combate. Eu tinha 23 anos, era funcionário do Banco do Brasil, e fiquei na prefeitura à espera do ataque que não houve.

Leonel Brizola e o Grupo dos Onze

Mas acabou havendo um ataque da VAR Palmares, Vanguarda Popular Revolucionária Palmares, da qual Dilma participou. Foi contra o Banco do Brasil em Viamão, onde eu trabalhava e fiquei sob ameaça das armas do grupo, que gritava vivas a Che Guevara. Havia uma mulher no grupo, mas não era a Dilma. Foi em 1970. Hoje vejo que se tenta fazer a cabeça de quem nasceu depois de 1970 e não testemunhou os fatos. Segundo o livro do Secretário de Direitos Humanos de Lula, Nilmário Miranda, morreram, nos 20 anos de governo militar, 386 pessoas, a que devem ser somadas às 120 mortas pelos que eram contra o governo. Segundo o “Tortura Nunca Mais”, os que foram mortos pelo governo são 358. Quer dizer, cerca de 500 mortos no confronto, em 20 anos de regime. Isso dá, nos anos de chumbo de hoje, três dias e meio de homicídios. A insegurança de hoje cria o medo. E o medo não é boa companhia para a democracia. Como já apregoava Thomas Jefferson: O preço da liberdade é a eterna vigilância. Não podemos ter nunca mais 1964, nem ser Cuba ou Venezuela."

ALEXANDRE GARCIA
Jornalista
6 de abril de 2014


Fonte: blog “O MALDITO”

O QUE FOI 31 DE MARÇO DE 1964 – por Alexandre Garcia



Divulgo  texto do jornalista Alexandre Garcia, que mostra de maneira clara o que foi a contra-revolução cívico-militar de 31 de março de 1964 e a ignorância proposital do contexto histórico manipulado propositalmente pela esquerda amargurada e pela pequenez moral de suas lideranças.

Anistia é exemplo de nobreza. Numa guerra não há heróis. Menos ainda quando ela é travada entre irmãos" Alexandre Garcia

"Gostaria de dizer algumas coisas sobre o que aconteceu no dia 31/03/1964 e nos anos que se seguiram. Porque concluo, diante do que ouço de pessoas em quem confio intelectualmente, que há algo muito errado na forma como a história é contada. Nada tão absurdo, considerando as balelas que ouvimos sobre o "descobrimento" do Brasil ou a forma como as pessoas fazem vistas grossas para as mortes e as torturas perpetradas pela Igreja Católica durante séculos. Mas, ainda assim, simplesmente não entendo como é possível que esse assunto seja tão parcial e levianamente abordado pelos que viveram aqueles tempos e, o que é pior, pelos que não viveram. Nenhuma pessoa dotada de mediano senso crítico vai negar que houve excessos por parte do Governo Militar. Nesta seara, os fatos falam por si e por mais que se tente vislumbrar certos aspectos sob um prisma eufemístico, tortura e morte são realidades que emergem de maneira inegável.


Ocorre que é preciso contextualizar as coisas. Porque analisar fatos extirpados do substrato histórico-cultural em meio ao qual eles foram forjados é um equívoco dialético (para os ignorantes) e uma desonestidade intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio lógico). E o que se faz com relação aos Governos Militares do Brasil é justamente ignorar o contexto histórico e analisar seus atos conforme o contexto que melhor serve ao propósito de denegri-los.

  
Poucos lembram da Guerra Fria, por exemplo. De como o mundo era polarizado e de quão real era a possibilidade de uma investida comunista em território nacional. Basta lembrar de Jango e Jânio; da visita à China; da condecoração de Guevara, este, um assassino cuja empatia pessoal abafa sua natureza implacável diante dos inimigos.


Nada contra o Comunismo, diga-se de passagem, como filosofia. Mas creio que seja desnecessário tecer maiores comentários sobre o grau de autoritarismo e repressão vivido por aqueles que vivem sob este sistema. Porque algumas pessoas adoram Cuba, idolatram Guevara e celebram Chavez, até. Mas esquecem do rastro de sangue deixado por todos eles; esquecem as mazelas que afligem a todos os que ousam insurgir-se contra esse sistema tão "justo e igualitário". Tão belo e perfeito que milhares de retirantes aventuram-se todos os anos em balsas em meio a tempestades e tubarões na tentativa de conseguirem uma vida melhor. A grande verdade é que o golpe ou revolução de 1964, chame como queira, talvez tenha livrado seus pais, avós, tios e até você mesmo e sua família de viver essa realidade. E digo talvez, porque jamais saberemos se isso, de fato, iria acontecer. Porém, na dúvida, respeito a todos os que não esperaram sentados para ver o Brasil virar uma Cuba. Respeito, da mesma forma, quem pegou em armas para lutar contra o Governo Militar. Tendo a ver nobreza nos que renunciam ao conforto pessoal em nome de um ideal. Respeito, honestamente. Mas não respeito à forma como esses "guerreiros" tratam o conflito. E respeito menos ainda quem os trata como heróis e os militares como vilões. É uma simplificação que as pessoas costumam fazer. Fruto da forma dual como somos educados a raciocinar desde pequenos. Ainda assim, equivocada e preconceituosa. Numa guerra não há heróis. Menos ainda quando ela é travada entre irmãos. E uma coisa que se aprende na caserna é respeitar o inimigo. Respeitar o inimigo não é deixar, por vezes, de puxar o gatilho. Respeitar o inimigo é separar o guerreiro do homem. É tratar com nobreza e fidalguia os que tentam te matar, tão logo a luta esteja acabada. É saber que as ações tomadas em um contexto de guerra não obedecem à ética do dia-a-dia. Elas obedecem a uma lógica excepcional; do estado de necessidade, da missão acima do indivíduo, do evitar o mal maior.


Os grandes chefes militares não permanecem inimigos a vida inteira. Mesmo os que se enfrentam em sangrentas batalhas. E normalmente se encontram após o conflito, trocando suas espadas como sinal de respeito. São vários os exemplos nesse sentido ao longo da história. Aconteceu na Guerra de Secessão, na Segunda Guerra Mundial, no Vietnã, para pegar exemplos mais conhecidos. A verdade é que existe entre os grandes Generais uma relação de admiração. A esquerda brasileira, por outro lado, adora tratar os seus guerrilheiros como heróis. Guerreiros que pegaram em armas contra a opressão; que sequestraram, explodiram e mataram em nome do seu ideal. E aí eu pergunto: os crimes deles são menos importantes que os praticados pelos militares? O sangue dos soldados que tombaram é menos vermelho do que o dos guerrilheiros? Ações equivocadas de um lado desnaturam o caráter nebuloso das ações praticadas pelo outro? Penso que não. E vou além. A lei de Anistia é um perfeito exemplo da nobreza que me referi anteriormente. Porque o lado vencedor (sim, quem fica 20 anos no poder e sai porque quer, definitivamente é o lado vencedor) concedeu perdão amplo e irrestrito a todos os que participaram da luta armada. De lado a lado. Sem restrições. Como deve ser entre cavalheiros. E por pressão de Figueiredo, ressalto, desde já. Porque havia correntes pressionando por uma anistia mitigada. Esse respeito, entretanto, só existiu de um lado. Porque a esquerda, amargurada pela derrota e pela pequenez moral de seus líderes nada mais fez nos anos que se seguiram, do que pisar na memória de suas Forças Armadas. E assim seguem fazendo. Jogando na lama a honra dos que tombaram por este país nos campos de batalha. E contaminando a maneira de pensar daqueles que cresceram ouvindo as tolices ditas pelos nossos comunistas. Comunistas que amam Cuba e Fidel, mas que moram nas suas coberturas e dirigem seus carrões. Bem diferente dos nossos militares, diga-se de passagem. Graças a eles, nossa juventude sente repulsa pela autoridade. Acha bonito jogar pedras na Polícia e acha que qualquer ato de disciplina encerra um viés repressivo e antilibertário. É uma total inversão de valores. O que explica, de qualquer forma, a maneira como tratamos os professores e os idosos no Brasil.



Então, neste 31 de março, celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente. Celebrarei os que serviram à Pátria com honra e abnegação. Celebrarei os que honraram suas estrelas e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder. Bem feito. Cada povo tem os políticos que merece.


Se você não gosta das Forças Armadas porque elas torturaram e mataram, então, seja, pelo menos, coerente. E passe a nutrir o mesmo dissabor pela corja que explodiu sequestrou e justiçou, do outro lado. Mas tenha certeza de que, se um dia for necessário sacrificar a vida para defender nosso território e nossas instituições, você só verá um desses lados ter honradez para fazê-lo."

Alexandre Garcia
Jornalista
31/03/2014