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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

ANTICOMUNISMO – Como agem as verdadeiras democracias.


        Referem-se estudiosos à existência de uma conspiração do silêncio em relação às atividades comunistas, como se elas constituíssem um tabu a ser cuidadosamente evitado nos comentários e nas preocupações quotidianas. A área ideológica tornou-se dificilmente transitável, evitando-se dar essa conotação aos fatos, por mais evidente que ela seja.

Um dos partidos políticos brasileiros chegou até ao cúmulo de negar, em documento oficial, a existência do conflito ideológico, uma das realidades mais gritantes do mundo contemporâneo.

A “coexistência pacífica”, eficiente arma do arsenal psicológico comunista, terá contribuído bastante para criar esse estado de espírito, amaciando as resistências e as prevenções do Ocidente contra o perigoso inimigo, conforme era objetivo deste último.

Este fenômeno tem criado situações esdrúxulas, como aquela que é citada por Suzanne Labin (“Em cima da hora” – Distribuidora Record;RJ.) ao afirmar que chegou-se ao absurdo de condenar muito mais os anticomunistas definidos de que os próprios comunistas, como se aqueles que querem defender as formas democráticas fossem mais nocivos do que os que as querem destruir.

Se o comunismo é, inegavelmente, o maior, o mais bem organizado e mais atuante inimigo da democracia, torna-se dever crucial dos verdadeiros democratas combate-lo em todos os terrenos e nunca dar-lhe as mãos em busca de objetivos aparentemente comuns, como frequentemente ocorre em nosso meio político.

O anticomunismo racional deve ser visto, portanto, como um meio essencial de defesa da democracia.

Foi por esta razão, sem dúvida, que o francês Jules Monnerot, em seu livro “Desmarxizar a Universidade” (Editora Afrodite; 1978), disse:
“Um anticomunista é muito simplesmente um não comunista dotado, ao mesmo tempo, de um quantum de lucidez e de um quantum de caráter, tais que, recusando sofrer o contágio, ... não pode escolher a passividade.”

A também francesa Suzane Labin completa o conceito em seu livro referido acima, quando diz:
“A luta contra os anticomunistas conscientes se faz dentro de um registro político primário, mas que dá resultado porque é modulado sem cessar e em todos os tons: o anticomunismo é movimento de direita, fascista, negativo, obtuso, parcial, sistemático...”.

Uma surpreendente peculiaridade dos sistemas considerados democráticos é a sua incompatibilidade com o combate ao comunismo e até mesmo com sua simples vigilância de suas incessantes atividades subversivas, frequentemente não consideradas como tais. Este é o resultado de hábil propaganda, facilitada pela extensa infiltração em todos os órgãos da sociedade, sobretudo nos meios de comunicação social. E convenhamos que, a persistir tal situação, isto significará um grande trunfo para a causa comunista e correspondentemente uma derrota para as democracias.

De fato, os democratas para que possam ser assim considerados, estão hoje simplesmente proibidos de combater o comunismo. E os que se animam a fazê-lo, são logo destituídos daquela nobre condição e incluídos automaticamente nas fileiras da direita.

Esta tendência foi gerada por um sofisma da propaganda comunista, que adquiriu foros de estereótipos graças ao hábil uso da arma psicológica. O sofisma se baseia em um silogismo, extremamente simplista, mas que, apesar disto, tem funcionado.

Com efeito, após a II Grande Guerra, os soviéticos o armaram e difundiram baseado nas seguintes proposições:

-        A URSS combateu a Alemanha e a Itália naquela guerra.
-        A Alemanha e a Itália eram nazistas e fascistas, respectivamente.
-        Logo, quem combate a URSS é nazista ou fascista.

A maioria das pessoas não vai em busca da verdade que se esconde por detrás da conclusão falsa do silogismo. E esta verdade é que antes de combater a Alemanha de Hitler, a URSS foi sua aliada, recebendo como prêmio a Bessarabia e a Bucovina, desmembradas da Romênia, e metade da Polônia. Só depois que Hitler resolveu atacar seu aliado da véspera é que a URSS foi obrigada a se voltar para o lado dos aliados que, face às circunstâncias da guerra, foram compelidos a aceita-la e apóia-la decisivamente.


Quem se dedica ao estudo do fenômeno comunista e toma conhecimento das declarações de seus mais destacados líderes; quem estuda o processo revolucionário através do qual o Movimento Comunista Internacional se dispõe a conquistar o mundo para o comunismo; quem, finalmente, da um enfoque racional a tal assunto, sabe perfeitamente que é o comunismo o maior e mais perigosos inimigo das democracias, não apenas por seu embasamento filosófico-doutrinário (hoje bastante abalado pela “perestroika”) mas sobretudo por sua agressividade de todas as horas, respaldada em uma organização de âmbito internacional.

Ora, se um democrata zeloso e convicto sabe disso, terá necessariamente de combater o comunismo, não como um fim, mas seguramente como um meio de proteger a democracia, que tanto preza.

Deve-se inferir daí, segundo o estereótipo em voga, que este democrata passe automaticamente a ser “de direita”, apenas por ser anticomunista?

Vê-se por aí a habilidade desse recurso psicológico, que acaba por negar ao democrata o direito, e até o dever, não apenas de combater, mas até de se definir contra o comunismo. A força desse sofisma pode ser exemplificada pelo envolvimento que conseguiu de certos partidos políticos, que entendem de manter a sua face democrática, em primeiro lugar através de sua atitude herética de negar a existência de um conflito ideológico no mundo; e depois, como corolário, através de sua transparência e convivência com os comunistas.

E quando colocados contra a parede, tais elementos o mais que dirão é que combatem tanto a direita, como a esquerda, acentuando a sua equidistância de tais pólos, por temor de qualquer possível comprometimento com a “direita”!

Entretanto, o enfoque ideológico, mesmo porque viciado por tal sofisma, não é por si só válido para aferir padrões de comportamento direitista. Há que recorrer também ao enfoque social, já que entendemos o homem de direita como avesso às reformas nesse campo, caracterizando-se por uma atitude reacionária e de defesa de privilégios.

A direita é uma posição de todo incompatível com quem luta por uma democracia vigilante e, ao mesmo tempo, se bate por reformas continuadas nos campos político, social e econômico, em busca dos objetivos maiores da sociedade democrática, como sejam a liberdade com responsabilidade, a dignidade essencial da pessoa humana, o bem comum, a justiça social e o princípio de que o Estado existe para servir ao homem, e não ao contrário.

Caberia tal reformista dentro da classificação de “reacionário”, característica de uma posição de “direita”?

A.J. Paula Couto
General; escritor; em
“O desafio da Subversão”
1990

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