A história pode nos
mostrar que o homem sempre dependeu da sua inteligência e da sua capacidade
laborativa para sobreviver e atingir o sucesso como espécie animal e social. Na
antiguidade, idade média e idade moderna o homem manteve a relação trabalho e
sobrevivência ligada ao desenvolvimento da sociedade da época. O trabalho,
então seguia o formato em que cada indivíduo do grupo, do feudo ou da cidade
trabalhava pela alimentação coletiva e a defesa coletiva. O pagamento era sua
estabilidade na vida social e a prosperidade do seu grupo social. As riquezas
eram dos Chefes, Líderes, Senhores etc., que eram os detentores das terras, das
riquezas nelas existentes e do poder, estes obtidos de várias formas diferentes,
mas na maioria das vezes por “inspiração” divina.
Na idade contemporânea a
Revolução Industrial começou a valorar o trabalho do indivíduo. A, até então,
prevalência do trabalho servil, entendido aqui como o trabalho gratuito
prestado pelos servos dos feudos e reinos, e do trabalho escravo, sustentavam
reinos e países. A revolução do trabalho remunerado criou a figura do
proletariado, que era o trabalhador que só tinha na capacidade de trabalhar o
seu único bem. Juntamente a essa figura o profissional começou a despontar levando
a diminuição do proletariado, na medida em que o trabalho profissional tomava
os espaços e tirava as oportunidades de emprego nas indústrias e companhias. Era
o mundo do capital que começava a surgir. Neste período surgiu na Alemanha o
filósofo Karl Marx. Este, estudioso dos problemas sociais que afligiam à Europa
neste período, desenvolveu a teoria da revolução proletária, que instauraria um
novo regime sem classes e só obteria sucesso pleno após a conclusão de um
período de transição, que ele denominou socialismo.
Marx teorizou sobre as
relações de trabalho e separou a sociedade em duas classes a dominante burguesa
e a proletária, que incluía todos os trabalhadores, estes base do
desenvolvimento social e oprimidos pela minoria burguesa. Sessenta anos mais
tarde Lennin usaria as idéias de Marx chamando a todos os trabalhadores de
proletários e incluindo-os num conjunto de escravizados pelo capital, este nas
mãos das minorias que conduziam a economia e a sociedade. Esse artifício de
separar a classe proletária conseguiu reunir todo o povo Russo, trabalhadores,
que vivia um momento de pobreza extrema sob o Czarismo. Os patrões eram a
burguesia capitalista que oprimia o proletário, que era escravizado por uma
sociedade baseada no capital. Ressurge assim o conceito de proletariado que
engloba todos aqueles “operários” escravizados pela necessidade de
sobrevivência e o valor dado a seu único bem, o trabalho.
A diferença de
remuneração, os privilégios assumidos pelos Líderes e a injustiça da separação
em classes, criou a oportunidade desejada pelos revolucionários de deflagrar a
luta entre classes, que resultou na Revolução Francesa e posteriormente, no
século XX, a Revolução Bolchevista na Rússia. Particularmente, a Revolução na
Rússia, criou o sofisma de que o povo e o proletariado eram uma só coisa,
conseguindo desta forma o domínio necessário das massas, que resultou na
conquista do poder absoluto do partido comunista na Rússia. Daí o conceito de
proletariado ter conseguido agrupar as massas em torno de suas necessidades, de
forma que sua condução fosse possível no sentido de tomar o poder do Estado e,
após um período de socialização (socialismo), instauraria um regime sem classes
sociais, o comunismo.
A Internacional Comunista
(IC) passou a expandir sua ideologia no franco objetivo de estabelecer o
socialismo do proletariado em uma escala mundial, tornando o comunismo o único
sistema aceitável em todos os campos do desenvolvimento humano. Com
proselitismo e usando as palavras de maneira correta, começou a confundir e
criar na consciência geral o entendimento de que o proletariado são os
trabalhadores, que oprimidos pelo sistema são impedidos de progredir dentro do sistema
econômico capitalista. Assim a IC se espalhou pelo mundo atuando com mais vigor
nos países, por ela classificados, de terceiro mundo.
No Brasil, após 1985, a palavra
proletariado estava proscrita. Os vinte anos passados da revolução tornaram as
expressões próprias das idéias de Marx e da ideologia comunista tabus. Isso
provocou o fenômeno trabalhista no país, onde a palavra proletariado foi
substituída por trabalhadores o que, a semelhança da primeira, na Rússia,
congregou uma grande quantidade de pessoas em torno da ideia de “democracia”
apregoada pelos comunistas. Durante toda a nossa atualidade política os
“trabalhistas” tem usado a palavra trabalhador para exercer domínio sobre as
massas da mesma forma que os comunistas fizeram antes e durante a revolução
bolchevista com o proletariado.
Hoje vivemos em um país
dividido entre trabalhadores e patrões. Divisão esta que atende aos objetivos
de manutenção da luta entre as classes, pois coloca a figura do patrão sempre em cheque. O trabalhador de
hoje é profissional remunerado regularmente pelo trabalho que executa ou
atividade que exerce (em oposição ao amador). Também pode ser definido como
aquele que tem conhecimentos da sua profissão, especialista. O proletário é
aquele trabalhador que vive do seu trabalho como todos os outros, mas não
possui qualquer especialização, vivendo unicamente da sua capacidade de
trabalhar e, devido a essa não especialização, não tem oportunidade de trabalho
ou é explorado pelo empregador que não o valoriza da forma desejada.
Vivemos hoje um período
de incertezas onde a maioria das ações orquestradas pela política no poder
apontam para o objetivo final idealizado por Marx, uma sociedade sem classes, o
comunismo.
Júlio Cezar B L Silva
25 de novembro de 2012
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