Divulgando as lições aprendidas pelo jornalista Alexandre Garcia com o contragolpe de 31 de março de 1964. Ele narra a situação fomentada por Francisco Julião, Brizola e José Serra, que provocavam com seus discursos a revolta dentro das FFAA. Fala também de duas situações vivenciadas de ataques subversivos, respectivamente pelo Grupo dos Onze e pela VAR Palmares. A história não deve ser escondida nem manipulada. Boa leitura.
"Na manhã de 31 de março último, a rádio Estadão de São Paulo, perguntou-me quais as lições a tirar do golpe de 1964. Fui para o exemplo mais próximo e mais atual: a Venezuela. O governo bolivariano vai pouco a pouco tirando as liberdades essenciais: de opinião e de livre manifestação, e usa forças cubanas como auxiliares. O presidente é um incompetente, a economia vai mal, a petroleira estatal é usada pelo governo e pouco a pouco se instala um golpe de estado sem que as pessoas percebam que vão ficar amarradas a um regime totalitário, a exemplo de Cuba.
"Na manhã de 31 de março último, a rádio Estadão de São Paulo, perguntou-me quais as lições a tirar do golpe de 1964. Fui para o exemplo mais próximo e mais atual: a Venezuela. O governo bolivariano vai pouco a pouco tirando as liberdades essenciais: de opinião e de livre manifestação, e usa forças cubanas como auxiliares. O presidente é um incompetente, a economia vai mal, a petroleira estatal é usada pelo governo e pouco a pouco se instala um golpe de estado sem que as pessoas percebam que vão ficar amarradas a um regime totalitário, a exemplo de Cuba.
Revolta popular na Venezuela contra o governo, 2014 |
A
Venezuela de hoje é o retrato do Brasil de 1963, numa marcha que foi
interrompida pelo contragolpe de 1964. O Brasil e o cone sul estavam na balança de ganhos e perdas da guerra
fria. Fidel e Guevara aconselhavam: vocês precisam de uma revolução como a
nossa.
Discurso de José Serra - 13 de março de 1964 |
A idéia era implantar um regime como o cubano, servil à União Soviética,
como fica claro pelo discurso de José Serra, então presidente da UNE, no
malfadado comício de 13 de março. Foi o mais provocativo dos discursos. Brizola
e Serra foram, talvez, os que mais deixaram os militares de cabelo em pé.
Francisco Julião e Fidel Castro em Havana, Cuba 1961 |
Se
Francisco Julião, no Nordeste, organizava as Ligas Camponeses como legiões
revolucionárias do Partido Comunista para invadir terras e matar os
proprietários, Brizola, no centro-sul, mandava cabos e sargentos matarem os
oficiais. Anos depois, em sua casa, Brizola me confidenciava que foram
“arroubos da juventude”. No 31 de março de 1964, o prefeito de Encantado,
interior do Rio Grande, bateu-me à porta em busca de voluntários para defender
a prefeitura, que seria atacada pelo Grupo dos Onze, de Brizola, organizado
como uma unidade militar de combate. Eu tinha 23 anos, era funcionário do Banco
do Brasil, e fiquei na prefeitura à espera do ataque que não houve.
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Leonel Brizola e o Grupo dos Onze |
Mas
acabou havendo um ataque da VAR Palmares, Vanguarda Popular Revolucionária
Palmares, da qual Dilma participou. Foi contra o Banco do Brasil em Viamão,
onde eu trabalhava e fiquei sob ameaça das armas do grupo, que gritava vivas a
Che Guevara. Havia uma mulher no grupo, mas não era a Dilma. Foi em 1970. Hoje
vejo que se tenta fazer a cabeça de quem nasceu depois de 1970 e não
testemunhou os fatos. Segundo o livro do Secretário de Direitos Humanos
de Lula, Nilmário Miranda, morreram, nos 20 anos de governo militar, 386
pessoas, a que devem ser somadas às 120 mortas pelos que eram contra o governo.
Segundo o “Tortura Nunca Mais”, os que foram mortos pelo governo são 358. Quer
dizer, cerca de 500 mortos no confronto, em 20 anos de regime. Isso dá, nos
anos de chumbo de hoje, três dias e meio de homicídios. A insegurança de hoje
cria o medo. E o medo não é boa companhia para a democracia. Como já apregoava
Thomas Jefferson: O preço da liberdade é a eterna vigilância. Não podemos ter
nunca mais 1964, nem ser Cuba ou Venezuela."
ALEXANDRE GARCIA
Jornalista
6 de abril de 2014
Fonte:
blog “O MALDITO”
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