O texto que se segue, de autoria do Coronel Vanderlei, colaborador do sitio "Exército Brasileiro - Turmas de Oficiais do Exército" formados de 1975 a 1983" foi enviado para meu e-mail. Ele apresenta sua visão da situação atual no País, enfocando o Exército Brasileiro (EB) dentro da Copa do Mundo de Futebol. Mostra o tipo de emprego dado à Força Terrestre pelo atual governo e destaca que esse emprego serve para atestar a falência institucional das Polícias Federal e Estaduais e a conveniente militarização do País em ano de eleição. Boa leitura.
"A
poucos dias do início dos jogos a Presidente do Brasil diz que “não vai ter
baderna na copa”, que “a imagem do País está em jogo” e que “poderá usar o
Exército contra os protestos”.
Sete
anos passados desde que o governo do PT assumiu junto à comunidade
internacional e em particular com a FIFA o compromisso de realizar uma série de
mudanças nas principais estruturas do país que teriam ligação direta com a realização
dos jogos da copa do mundo. Isso serviria para atender as demandas das
delegações estrangeiras, dos turistas do mundo inteiro e posteriormente dos
brasileiros mortais que por aqui resistissem.
Construção
de estádios, melhorias na mobilidade urbana, na rede de assistência hospitalar,
nos aeroportos, na segurança pública e em tudo aquilo que fosse útil ao bom
andamento da competição e ficasse como legado ao povo brasileiro. Na reta final
para o início da competição, que deverá ser de alto nível nos gramados, vemos
que muito do que foi prometido, a título de aproveitamento político de ocasião,
não foi cumprido pelo governo.
Devemos
acreditar na nossa capacidade de gerenciar os estádios construídos ou
reformados, com injeção de recursos públicos, de forma que eles venham a trazer
algum retorno financeiro futuramente. Não será fácil tirar da cabeça dos
brasileiros o fato de que muito dinheiro foi desviado na construção desses
monumentos. Seria mais adequado investir na saúde, na educação, na segurança,
na mobilidade urbana e nas estradas. De resto, nada leva a crer que o saldo
dessa investida será algo que valeu a pena pelo que foi imposto de sacrifício
ao povo brasileiro.
Para
a realização de eventos dessa envergadura faz-se necessário uma eficiente rede
de atendimento hospitalar. Numa avaliação sumária, realizada apenas por
amostragem nas capitais sedes dos jogos, o que se constatou foi o que já
sabemos e com o que convivemos nos dias normais da vida do brasileiro. Os
hospitais sofrem com superlotação, obras inacabadas, aparelhos de uso médico
sem funcionar, baixo estoque de medicamentos básicos, escassez de leitos,
profissionais de saúde insuficientes para o atendimento e outras tantas mazelas
da saúde pública brasileira que nos atormenta diuturnamente. Certamente os
nossos políticos, os dirigentes e comitivas dos países visitantes não serão
atingidos pelo caos do sistema caso dele necessitem. Vamos pensar positivamente
e acreditar que não haverá qualquer incidente mais grave que venha a aumentar a
demanda nos hospitais das cidades sede dos jogos, nem mesmo um ataque maciço do
mosquito da dengue, pois seria o fim do sistema de saúde do Brasil. Geraldo
Ferreira, presidente da Federação Nacional dos Médicos, criticou o governo
federal por nunca ter criado uma rubrica para Saúde na Copa e diz que "o
brasileiro tem que confiar na proteção de Deus" diante desse cenário.
Baderna na saúde?
O
“TREM BALA” passou a mil por hora e nós brasileiros perdemos a chance de
embarcar nessa viagem rumo ao futuro. As promessas foram muito além da
capacidade de planejar e gerenciar a execução. Muito pouco se fez em relação à
mobilidade urbana nas cidades. Os governos do PT nos últimos 12 anos fizeram da
aquisição do carro próprio mais uma bandeira da ilusão a que os brasileiros são
submetidos. Através desse instrumento elegeram a indústria automobilística como
uma das maiores beneficiadas com o sacrifício do povo. Em nome de uma falsa
base de sustentação da economia deixaram as nossas cidades sufocadas pelo
transito caótico e pela poluição. Não melhoraram adequadamente o transporte
público coletivo e de massa, não tiveram competência para realizar os
investimentos que eliminassem os gargalos de congestionamento nas vias urbanas
e nem conseguiram mudar o péssimo estado das nossas estradas. Baderna na
mobilidade?
Um
comandante de aeronave assim se expressou: "Senhores passageiros, pedimos
um pouco de paciência a vocês. Estou vendo aqui pelo menos oito aeronaves
aguardando vaga para estacionar, então teremos que aguardar a autorização para
o desembarque". A espera se estendeu muito mais para quem precisou pegar
um táxi. "Nossos aeroportos ficaram muitos anos sem nenhuma intervenção
física e agora nós estamos correndo contra o tempo para colocá-los de novo na
lista dos melhores aeroportos do mundo", disse o Ministro Moreira Franco.
O governo brasileiro teve sete anos para executar o que já devia ter sido
planejado antes de lançar o Brasil como candidato a sediar a copa. No entanto,
as intervenções físicas mencionadas pelo ministro só começaram a ocorrer nos
últimos anos e a poucos dias do início da competição a maioria delas ainda não
foi entregue e só o será após o evento esportivo. Alguns problemas expostos na
infra-estrutura aeroportuária das cidades sede do torneio confirmam que os aeroportos
brasileiros não estão prontos para receber o grande fluxo de brasileiros e
estrangeiros que por eles devem circular. Além do que, como bem expressou a
Presidente Dilma, o padrão que estão buscando no seu governo para os nossos
aeroportos está mais para um “made in China” do que para o “padrão FIFA”.
Baderna nos aeroportos?
O
mundo está vendo as imagens bem negativas do nosso país nesses momentos que
antecedem a Copa. A constatação crescente da criminalidade, o clima
generalizado de greves e a promessa de vários movimentos que podem vir a
prejudicar o andamento dos jogos. Até os “índios” andam dando flechadas nos
policiais em plena Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a capital Federal.
Nesses termos, o sentimento geral da população brasileira e do estrangeiro é o
de que serão submetidos a uma grande aventura para participar dos jogos nos
estádios e usufruir dos atrativos turísticos nas cidades para as quais se
deslocarem. A insegurança no cotidiano do brasileiro tem sido um verdadeiro
massacre. Todos os dias ocorrem assaltos, estupros, sequestros relâmpagos,
crimes hediondos, corpos são esquartejados, tráfego de drogas sem controle e
outros que se proliferam. Enquanto isso o governo federal insiste em manter uma
política de faz de conta em relação aos criminosos e suas bases de sustentação,
nas cidades e nas nossas fronteiras. A situação faz crer que o crime está
compensando. Na política do governo existem posições que tem contribuído
sobremaneira para a desintegração da família e com ela o desequilíbrio na
sociedade. Tudo isso está na pauta das reivindicações que se instalaram no país
desde junho de 2013. Não se tem dado a devida atenção e não há concentração de
esforços no sentido de dar a tranquilidade para o cidadão de bem. Este passou a
ser refém do sistema e está enclausurado no seu espaço restrito. A bandidagem
se sente cada vez mais livre e acobertada por setores que tratam dos direitos
humanos. O policial é visto e tratado como bandido. Baderna na segurança?
Os
governos do PT não foram capazes de equacionar a solução dos principais
problemas que agora estão aos olhos do mundo. Em ano eleitoral corre atrás do
prejuízo e tenta tapar o sol com a peneira. O desespero tomou conta do Planalto
e o barco está à deriva. Um governo cujos cargos de decisão e execução em todos
os níveis estão tomados de assalto pelo viés político/ideológico, em detrimento
do técnico e do mérito. Nesse momento de exposição vem à tona a mais completa
ironia do destino. Aqueles a quem tanto bombardearam e sobre quem continuam a lançar
o veneno da discórdia agora são elevados a “salvadores da pátria”. O Exército
foi lançado como peça de manobra para a solução dos inúmeros problemas que
envolvem a segurança pública, que é papel da polícia federal e das polícias
estaduais. Para não comprometer a “imagem do Brasil” nos dias de jogos a
Presidente Dilma lança mão do aparato militar sem qualquer constrangimento.
Justo ela e seu partido que tanto lutaram contra as “ações arbitrárias” dos
integrantes dessa Instituição. Não é de hoje que a imagem do Brasil está
comprometida nesse governo onde proliferaram as falcatruas nos porões do poder
central. Onde os favores nunca foram tão exaustivamente manipulados em
negociatas que saltam aos olhos. Tentam até descortinar as ações da justiça e
subordinar as decisões do STF, desrespeitando os limites legais que deveriam
naturalmente acatar. O que está nesse jogo é a independência dos poderes e a
própria democracia brasileira. Baderna no governo?
O
Exército brasileiro hoje e sempre estará cumprindo o seu dever constitucional.
A garantia da lei e da ordem sempre esteve presente no desempenho da sua
missão. Há 50 anos fez valer exatamente o que hoje estão a clamar da sua
atuação. Os que estiveram sob a mira das ações de outrora para a preservação da
democracia hoje estão a chamá-lo para cumprir mais uma nobre missão. A baderna
instalada e a prevista serão controladas com a eficiência e competência das
polícias estaduais e federal, como manda a lei. Na hipótese de uso da força
verde-oliva e das coirmãs não haverá sobressaltos. No entanto, os hipócritas de
ontem, que trabalham em surdina para desmoralizar a instituição militar, estão
hoje a buscar a sua cobertura. Qualquer incidente de maior vulto poderá ensejar
a possibilidade do descontrole no confronto com a massa de manifestantes. É
nesse estágio que a Comandante em Chefe deverá ser cobrada e responsabilizada
pelo desfecho imprevisível. Estará ela alertada e preparada para tal? Ou se
esquivará e prevalecerá à mentira como fuga no momento final? Sem baderna, na
copa ou fora dela, estaríamos muito melhor se os nossos políticos assumissem as
suas responsabilidades legais.
A
decisão do governo federal, chancelada pela Presidente Dilma, foi militarizar
provisoriamente o país. Com receio de assumir as consequências da “política da
baderna” deixa transparecer que o recurso autoritário está bem arraigado nas
suas opções de poder. Ao “chamar o Exército” para o controle da ordem pública
está determinando a falência da segurança dos Estados, o que demandaria a
declaração do “estado de sítio” para justificar a intervenção. Mas não é o
politicamente correto e falta coragem para tomar essa decisão. Isso já se sabe.
Enquanto
isso, "Daqui para frente é ciberterror total contra o governo e grandes
corporações envolvidas na Copa. Pode até ter Copa, mas não como eles
planejavam". Assim se expressou o hacker conhecido nas redes sociais como
AnonManifest que invadiu a rede interna do Itamaraty e que promete novos
ataques durante a copa.
Nos
trinta dias de competição o Brasil estará sendo vendido como uma terra e uma
gente de bem com a vida. Passada a bonança, sob o manto verde-oliva, virá à
tempestade, pois tudo voltará ao “normal”. A taça poderá até ser nossa na
disputa das quatro linhas do gramado. Mas a vitória do Brasil só se dará muito
depois da comemoração. Ela virá no momento em que os nossos governantes e
políticos tiverem a capacidade de liderar o nosso povo para que juntos tenhamos
um país digno, honrado e respeitado aos olhos do mundo".
FRANCISCO VANDERLEI TEIXEIRA DE OLIVEIRA
Coronel EB
9 de junho de 2014
Fonte: Site AMAM75-83 - Exército Brasileiro - Turmas de Oficiais do Exército" formados de 1975 a 1983
(http://www.aman75-83.com.br/art/art.php?id_art=%20echo%20356)
(http://www.aman75-83.com.br/art/art.php?id_art=%20echo%20356)